Esqueça os livros de autoajuda, a tendência para 2018 ainda serão os livros para colorir como por exemplo O jardim secreto: livro de colorir e caça ao tesouro antiestresse, da britânica Johanna Basford.
De acordo com reportagem da Galileu, a inglesa Michael O’Mara Books começou a publicar livros para colorir em 2012, mas foi 2015 que viu a moda pegar, com mais de 300 mil exemplares vendidos. “Já publicávamos livros de colorir para crianças, mas começamos a receber relatos de pais que também gostavam deles”, diz Ana McLaughlin, gerente de publicidade e marketing da editora.
Diferentemente dos livros infantis, os para adultos têm padrões mais complexos. Já os temas variam de jardins e mandalas a celebridades, como os da ilustradora Mel Elliot, também inglesa, que aposta em livros com desenhos de famosos (o do galã americano Ryan Gosling é um best-seller).
“Acredito que a tendência tenha começado com os livros interativos, como Destrua este diário, que fez muito sucesso. Desde então, as pessoas têm procurado uma forma de interagir com os livros e torná-los mais personalizados”, afirma Nana Vaz de Castro, gerente de aquisições da Sextante.
Há uma tese, porém, que por enquanto parece ser a mais aceita: a de que eles funcionam como uma espécie de “detox”, uma válvula de escape para rotinas estressantes. “É realmente relaxante porque, ao se concentrar em colorir direito ou na escolha das cores, a pessoa de fato parece esquecer os problemas do dia”, afirma McLaughlin. “Além disso, ainda tem a vantagem de que não dá para colorir e mexer no celular ao mesmo tempo.”
BELEZA É FUNDAMENTAL
O sentimento de orgulho ou satisfação por completar a pintura e observar como ficou bonita também é outra explicação possível, já que os livros ativam o circuito de recompensa do cérebro, o sistema responsável pela sensação de prazer. Quando estimulado, ele libera dopamina, um neurotransmissor que provoca o sentimento de bem-estar (veja abaixo). “Mas não são todas as tarefas que ativam esse sistema, que se desenvolveu ao longo de milhões de anos para nos impelir a realizar ações úteis para a autopreservação e a preservação da espécie, como se alimentar e se reproduzir”, explica o neurologista Marino M. Bianchin, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
1. Ao observar que o desenho pronto ficou bonito, o sistema límbico do cérebro é ativado. Ele é responsável pelo controle de nossas emoções e tem papel importante na regulação do stress.
2. Dentro desse sistema, uma parte específica é responsável por proporcionar sensações de prazer: o circuito de recompensa. Ele começa na área tegmentar ventral (a), que transmite impulsos elétricos para o núcleo accumbens (b), parte central do circuito de recompensa. De lá, os impulsos seguem para o córtex pré-frontal (c), a parte responsável pelo planejamento de atividades.
3. Como não há contato físico entre os neurônios, os impulsos precisam de uma “ajudinha” para ser transmitidos de uma célula para outra. Essa ajuda é a dopamina, um neurotransmissor que transforma o impulso elétrico em sinal químico, possibilitando a transmissão. É a liberação da dopamina que causa a sensação de prazer.
Tudo o que envolve trabalho manual ou arte também estimula a criatividade e a concentração. Quando se trabalha com cores, o resultado é ainda melhor, já que elas podem provocar diversas sensações, como calor, frio e tranquilidade.
Mas, embora causem uma sensação de prazer e bem-estar, os livros não podem ser encarados como terapia. Ou seja, os livros podem até funcionar como um analgésico para situações de stress, mas não têm nenhum poder milagroso para curar problemas como depressão ou ansiedade – a não ser que você seja dono de uma editora e esteja faturando muito mais que o previsto graças à modinha.
Eu mesmo tenho vários livros para colorir lá em casa e até coleção de lápis de cor. Amo! Mas quais serão as novidades para 2018?
Gostei muito!