Nos últimos dias, fiquei pensando sobre uma coisa que volta e meia alguém comenta comigo:
“Você se posiciona demais”,
“Parece ativismo”,
“Cuidado com o que posta”.
E eu sempre fico com aquela sensação estranha, como se estivessem falando de uma pessoa que eu não sou, já que me ofende
Então resolvi escrever aqui, no meu espaço, pra deixar algo claro:
o que eu faço aqui não é militância. É só a minha história.
Eu não defendo bandeiras.
Eu não convoco ninguém.
Eu não faço campanha.
Eu não luto contra o sistema.
Eu falo de mim.
Da minha vida como pessoa com deficiência.
Das coisas que vivi, das coisas que aprendi e das coisas que ainda estou tentando entender.
Se isso toca alguém, ótimo.
Se isso ajuda alguém, melhor ainda.
Mas não é esse o objetivo.
Não é uma missão pública.
Não é “uma causa”.
É só o registro da minha caminhada.
A inclusão aparece aqui como consequência, não como propósito.
Aparece porque faz parte da minha rotina, do que eu enfrento e do que eu observo.
É impossível não falar disso quando isso me atravessa desde a infância.
Mas não é porque eu conto o que vivi
que eu estou “levantando bandeira”.
Eu não estou tentando mudar o mundo pela força, pela política ou por movimentos sociais.
Essas coisas não fazem parte da minha fé, da minha visão de futuro, nem da forma como enxergo a vida.
O que eu faço é simples demais pra esse rótulo pesado:
eu registro. Eu divido. Eu explico minha própria experiência.
E isso já é difícil o bastante.
Escrever sobre o que me machucou, sobre o que ainda machuca, sobre o que me formou — isso exige coragem, não engajamento.
E se alguém for tocado por isso, é porque histórias verdadeiras têm efeito.
Não porque eu estou tentando “fazer ativismo”.
No fim das contas, meu blog não é um manifesto.
É um diário público.
Um lugar onde eu coloco pedaços de mim que, por muitos anos, eu escondi.
Se isso parece posicionamento pra alguém, tudo bem.
Mas pra mim, é só viver a minha vida com sinceridade.
E isso não tem bandeira nenhuma.




